terça-feira, 6 de março de 2012

Copa libertadores da América 1962- Santos Campeão.


1962: O Santos F.C. conquista a América



Em 1962, já não se havia dúvidas de qual era o melhor clube do Brasil.
 O campeão brasileiro não teve muita folga; apenas 11 dias depois de golear o Bahia
 na final da Taça Brasil de 1961, o Alvinegro já estava no Equador vencendo o
 Barcelona S.C., de Guayaquil, por 6x2. O time desfilou, naquele início de ano,
 pelos gramados sul-americanos com um objetivo em mente. Depois de alcançar a
 hegemonia estadual e de se firmar como campeão da principal competição nacional,
 o time agora almejava vôos maiores: o clube já se tornava campeão de diversos torneios
 amistosos disputados na Europa e América Latina, e agora o Santos Futebol Clube podia 
conquistar seu primeiro título internacional oficial: a Copa Libertadores da América de 1962.
 Para não repetir o fracasso do Bahia em 1960 
(eliminado na fase inicial pelo San Lorenzo, da Argentina) e também não ficar no "quase" 
como o Palmeiras (que perdeu na decisão para o Peñarol, do Uruguai) na edição anterior,
 o elenco circulou pelo continente e teve 8 vitórias, 1 empate e 1 derrota diante de algumas
 das melhores equipes dos países visitados, entre elas o campeão argentino Racing, 
que foi goleado por 8x3.



A Taça Libertadores (que nasceu com o nome de Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões,
 depois foi rebatizada com o nome do troféu) teve sua primeira edição em 1960, 
e tinha (como tem até hoje) o objetivo de determinar o campeão sul-americano.
 Também tinha como objetivo inicial credenciar o clube campeão à disputa do 
Mundial Interclubes, que havia sido criado no mesmo ano numa parceria da
 FIFA com a CONMEBOL e a UEFA, que organizava desde 1955 a
 Copa dos Campeões Europeus (atualmente conhecida como Liga dos Campeões da Europa).
 A Libertadores foi criada nos mesmos moldes do campeonato europeu, envolvendo nas
suas primeiras disputas apenas os campeões nacionais.
Na sua primeira edição, sete países foram representados, entre eles o campeão brasileiro de 1959,
o Bahia. O campeão acabou sendo o uruguaio Peñarol. Na segunda edição, todos os
 nove países filiados tinham seus campeões inscritos no torneio, que foi vencido novamente
pelo Peñarol, que venceu o Palmeiras na decisão.

A terceira edição da Taça Libertadores da América teve 10 participantes: eram os 
nove campeões nacionais do continente em 1961, além do campeão continental do mesmo ano,
 o Peñarol. Este já entrava nas semifinais, enquanto os demais clubes eram distribuídos em 
três grupos, cada um com três times. Os vencedores dos respectivos grupos se classificavam
às demais vagas na fase semifinal. Nas semifinais e final, seguia-se o modelo que era reproduzido
inclusive, na Taça Brasil: eram disputados dois jogos, e quem somasse mais pontos se classificava
 (ou, no caso da final, era o campeão). Em caso de empate no número de pontos, era jogada
 uma partida de desempate em campo neutro. Caso esta partida terminasse sem vencedor,
 mesmo após a prorrogação, o primeiro critério de desempate era o saldo de gols.

Pelé e Spencer, final da Libertadores de 1962.

Assim, o Santos entrou no Grupo 1, com o Deportivo Municipal, da Bolívia,
 e o Cerro Porteño, do Paraguai. Apenas 9 dias depois de jogar sua última
 partida pela excursão citada no primeiro parágrafo, o time brasileiro estreou 
vencendo na altitude de La Paz, por 4x3, e na rodada seguinte despachou os bolivianos 
com um 6x1. Ao enfrentar o campeão paraguaio, o Alvinegro teve dificuldades no jogo
 disputado em Assunção, que terminou empatado. Porém, na Vila Belmiro, o Santos 
dependia de um empate para se classificar, mas deu um show e conseguiu aquela que 
é sua maior goleada em um campeonato internacional: um sonoro 9x1, que até hoje 
aparece no top 5 das maiores goleadas da Copa Libertadores.
Nas semifinais, a parada foi mais difícil: num jogo disputado em Santiago (Chile),
 Santos e Universidad Católica ficaram no 1x1. No jogo de volta, Zito marcou o tento
solitário que levou o clube da Baixada Santista à final. O seu adversário? Era o campeão
 mundial de 1961, um time das cores amarela e preta, que havia simplesmente vencido 
as duas edições do certame continental disputadas até então e na terceira edição 
chegava à terceira final: era o Club Atlético Peñarol, sem dúvida outro que foi um 
dos maiores do mundo naqueles anos 60.
No primeiro jogo, que aconteceu em 28 de julho, o Peixe não tinha Pelé, machucado. 
Mesmo com o estádio Centenário repleto de fanáticos torcedores do Peñarol, o Santos
 não se intimidou e venceu de virada com dois gols de Coutinho.
No jogo de volta, cinco dias depois, o Santos tinha o famoso Alçapão da Vila a seu favor,

 mas saiu atrás com um gol do equatoriano Spencer, mas virou ainda no
 1º tempo com Dorval e Mengálvio. Porém, no 2º tempo, o time uruguaio iniciou uma reação
 impressionante e aos 6 minutos já estava 3x2 para os aurinegros. O terceiro gol do Peñarol
 provocou reações hostis da torcida santista e, temerosos com a segurança, a arbitragem
 preferiu manter a partida em disputa até o fim do jogo, mas na prática já não valia mais nada. 
Pagão ainda havia feito o gol de empate aos 32', e o resultado dava o título ao Santos, 
com muita festa dos adeptos alvinegros e volta olímpica dos jogadores. 
Este jogo foi mais um daqueles episódios que merecem o título de "Noite das Garrafadas": 
mais adiante explicitarei mais detalhes sobre o ocorrido.
Porém as coisas não acabaram por aí. Dois dias depois, foi divulgado que o jogo havia
 durado 51 minutos apenas, e que o Peñarol, portanto, seria o vencedor da partida.
 Não restou outra opção: no histórico 30 de agosto de 1962, no Estádio Monumental de Núñez,
 em Buenos Aires, o Santos massacrou o adversário sem piedade e destruiu os 
sonhos do tricampeonato rival. Logo aos 11 minutos de bola rolando, Coutinho
 bateu cruzado e o defensor Caetano completa contra a própria meta. No segundo tempo, 
o recuperado Edson Arantes do Nascimento completou o espetáculo, marcando o
 segundo gol já aos quatro minutos. No finalzinho, o mesmo Pelé recebe passe de Coutinho,
 mata no peito e chuta com força para fechar o placar.
O Santos F.C. era pela primeira vez campeão da Copa Libertadores da América e se
 tornava o primeiro clube brasileiro a conquistar um campeonato internacional.


Santos Campeão 1962.

Seguem listados os clubes que participaram da Taça Libertadores de 1962:


  • C.A. Peñarol (Uruguai)
  • Club Deportivo Municipal (Bolívia)
  • Club Cerro Porteño (Paraguai)
  • Santos F.C. (Brasil)
  • Club Nacional de Fútbol (Uruguai)
  • Club Sporting Cristal (Peru)
  • Racing Club (Argentina)
  • C.D. Universidad Católica (Chile)
  • C.D. Los Millonarios (Colômbia)
  • C.S. Emelec (Equador)

Um comentário: